O encontro também visa estabelecer uma espécie de recomeço na relação política entre EUA e Brasil
O presidente Lula (PT) embarca nesta quinta-feira (9) para os EUA e, segundo o Ministério das Relações Exteriores, o encontro com Joe Biden, o mandatário estadunidense, será nesta sexta-feira (10), no período vespertino.
Além da relação amistosa entre Biden e Lula, os dois políticos carregam vitórias e adversários semelhantes. Ambos derrotaram os principais líderes da extrema-direita (Bolsonaro no Brasil, Trump nos EUA), sofreram uma tentativa de Golpe e tanto o líder o sul-americano, quanto o norte-americano têm de lidar com acusações de que venceram mediante fraude eleitoral.
Mas também há outros aspectos que aproximam Lula e Biden e o contexto político de suas respectivas nações: a ascensão de uma extrema direita negacionista, violenta, que prega a guerra-civil e que faz das redes sociais a sua plataforma para espalhar fake news e levar adiante uma batalha cultural contra o "comunismo, ideologia de gênero e a destruição da família".
Diante de tal contexto político, o próprio Ministério das Relações Exteriores, em comunicado à imprensa, afirma que o encontro de Lula e Biden é um "recomeço" da relação de Biden com o Brasil.
Além disso, Biden convive atualmente com o fantasma de Bolsonaro que, após a perder as eleições para Lula, fugiu para os EUA enquanto deixava um golpe de Estado organizado no Brasil. No território do presidente estadunidense, o ex-mandatário brasileiro mantém uma espécie de QG da extrema direita das Américas.
Portanto, para além das parcerias econômicas e bilaterais, o encontro entre Lula e Biden possui um simbolismo cujo significado é a manutenção e reforço dos valores republicanos e democráticos e uma exibição de poder e união, além de ser um recado direto aos grupos que visam a derrubada da democracia e a edificação de autocracias.
Diante de tal contexto, três grandes temas serão abordados no encontro entre Lula e Biden:
- Meio Ambiente: os dois presidentes vão aprofundar conversas iniciadas na COP-27 e construir uma política de transição energética (do combustível fóssil para a eólica e de hidrogênio).
- Direitos Humanos: os dois mandatários devem discutir uma agenda em comum na defesa dos povos originários e indígenas. A agenda sobre gênero e raça também deve estar presente na conversa.
- Democracia: por conta do contexto golpista que ambos os presidentes vivenciam, eles devem, ao término do encontro, lançar uma forte mensagem em defesa da democracia e o combate ao extremismo.