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Opinião Quarta-feira, 19 de Fevereiro de 2025, 11:54 - A | A

Quarta-feira, 19 de Fevereiro de 2025, 11h:54 - A | A

Luiz Hugo Queiroz

O Retorno de Trump, o Fim da Globalização e a Nova Ordem Econômica Mundial

Com a reeleição de Donald Trump e sua volta à Casa Branca, o mundo testemunha uma nova onda de medidas protecionistas e ultranacionalistas que aprofundam o processo de desglobalização iniciado em seu primeiro mandato. Sua retórica de “America First” se traduz em políticas comerciais agressivas, tarifas sobre importações estratégicas e restrições tecnológicas que acentuam a rivalidade com a China.

A disputa entre as duas maiores economias do mundo já não se limita à guerra comercial de tarifas e sanções, mas se expande para setores críticos como semicondutores e inteligência artificial, pilares fundamentais da supremacia tecnológica no século XXI. A Casa Branca, sob Trump, endureceu ainda mais as restrições para impedir que a China tenha acesso a chips avançados e às tecnologias essenciais para seu crescimento industrial e militar. Pequim, por sua vez, acelerou seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento para reduzir sua dependência do Ocidente.

Essa tendência de autossuficiência econômica, impulsionada pelo discurso de segurança nacional, representa um desafio para o modelo de globalização que dominou o mundo desde os anos 1990. Se por um lado os EUA buscam evitar que a China se torne a maior potência econômica, por outro, o isolamento progressivo pode gerar efeitos colaterais severos para a economia global. A interdependência econômica foi um dos principais motores do crescimento mundial nas últimas décadas, e sua fragmentação ameaça minar a prosperidade de diversos países, principalmente os mais vulneráveis.

Mais de quinze anos após a crise de 2008, o cenário econômico global é de baixa expansão, inflação persistente e altos níveis de endividamento. Os mercados financeiros oscilam entre a euforia e a incerteza, enquanto os países lidam com os efeitos colaterais das políticas monetárias de emergência adotadas durante a pandemia. A crescente instabilidade nas cadeias globais de suprimentos e a formação de blocos econômicos rivais apontam para uma bifurcação na economia mundial.

No Ocidente, os EUA tentam consolidar sua liderança sobre aliados históricos, reforçando acordos como a OTAN e parcerias no Indo-Pacífico. Paralelamente, blocos como BRICS, União Europeia e Mercosul buscam se fortalecer diante do realinhamento econômico global. A China, que ainda cresce a uma taxa de aproximadamente 5% ao ano, está no caminho para ultrapassar os EUA como maior economia mundial até 2030, conforme aponta a economista chinesa Kety Jin, formada em Harvard e radicada na Inglaterra, no livro A Nova China.

O futuro da economia mundial dependerá da capacidade das potências globais de encontrar um equilíbrio entre segurança nacional e cooperação econômica. A fragmentação extrema pode levar a um colapso da interconectividade industrial e comercial, prejudicando todos os países. Em um mundo onde a inovação tecnológica e a eficiência produtiva dependem de redes integradas, a insistência em uma autossuficiência absoluta pode ser uma estratégia perigosa e insustentável.

A pergunta que permanece é: o mundo está entrando em uma nova era de protecionismo e rivalidade econômica irreversível, ou haverá espaço para um redesenho da globalização que combine soberania nacional com interdependência estratégica? O que está em jogo não é apenas o crescimento econômico, mas a própria estrutura da economia global para as próximas décadas.

Luiz Hugo Queiroz é jornalista especializado em Marketing Político e diretor da CASACOR Mato Grosso

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, 21 de Fevereiro de 2025